Quando a Cathy foi diagnosticada, pareceu-me que o Mundo tinha desabado.
Lidar com o autismo é um processo gradual de aceitação, para arregaçar as mangas e trabalhar, lutar, com muito amor e acreditando sempre nos nossos meninos.
Pouco depois do diagnóstico, fomos convidados a entrar num Grupo de Pais, e ouvindo-os falar parecia-me que era tudo fácil para eles. Lembro-me por exemplo de ir à baila o facto de um menino na altura com 5 anos não falar, e a mãe dize-lo com um sorriso, como se não fosse nada de mais. A Cathy tinha então quase 3 anos e só de pensar que aos 5 ainda não iria falar eu desesperava.
Conhecendo-os melhor, comecei a descobrir que na verdade grande parte é fachada (no bom sentido, atenção). O autismo cria em quem lida com ele uma carapaça, quanto mais espessa melhor, para não nos irmos abaixo tão facilmente (pelo menos em público) e dar assim esperança a outros pais porque não estamos face a face com nenhuma desgraça. É só autismo.
Eu também já a tenho, tenho de ter ou então desato a chorar por tudo e por nada, feita parvinha. Por vezes está mais fina (como ontem) mas com uma noite menos mal dormida (é o melhor que se arranja) hoje sinto-me novamente bem.
A minha carapaça permite-me abstrair do resto do Mundo, ignorá-lo completamente se for necessário para me concentrar apenas na Cathy. Permite-me olhar para ela e pensar em tudo o que ela é capaz de fazer, em vez de me concentrar no que ainda não faz. Dá-me a atitude positiva que preciso para acreditar que ela é capaz de isto e muito mais e ela alimenta-se desta confiança.
Lidar com o autismo é um processo gradual de aceitação, para arregaçar as mangas e trabalhar, lutar, com muito amor e acreditando sempre nos nossos meninos.
Pouco depois do diagnóstico, fomos convidados a entrar num Grupo de Pais, e ouvindo-os falar parecia-me que era tudo fácil para eles. Lembro-me por exemplo de ir à baila o facto de um menino na altura com 5 anos não falar, e a mãe dize-lo com um sorriso, como se não fosse nada de mais. A Cathy tinha então quase 3 anos e só de pensar que aos 5 ainda não iria falar eu desesperava.
Conhecendo-os melhor, comecei a descobrir que na verdade grande parte é fachada (no bom sentido, atenção). O autismo cria em quem lida com ele uma carapaça, quanto mais espessa melhor, para não nos irmos abaixo tão facilmente (pelo menos em público) e dar assim esperança a outros pais porque não estamos face a face com nenhuma desgraça. É só autismo.
Eu também já a tenho, tenho de ter ou então desato a chorar por tudo e por nada, feita parvinha. Por vezes está mais fina (como ontem) mas com uma noite menos mal dormida (é o melhor que se arranja) hoje sinto-me novamente bem.
A minha carapaça permite-me abstrair do resto do Mundo, ignorá-lo completamente se for necessário para me concentrar apenas na Cathy. Permite-me olhar para ela e pensar em tudo o que ela é capaz de fazer, em vez de me concentrar no que ainda não faz. Dá-me a atitude positiva que preciso para acreditar que ela é capaz de isto e muito mais e ela alimenta-se desta confiança.
6 comentários:
Hello Flor,
Ah como entendo essa coisa da carapaça... Ainda bem que ela existe, se não estavamos lixadas, rs.
Mas vc disse muito bem, devemos nos alegrar a ajudar no que eles fazem e não "arrastar correntes" pelo que ainda não são capazes, mas sempre com esperança de que um dia farão!
Um forte abraço pra ti e pra sua familia linda.
Jana
O choro pode durar uma noite, mas o sorriso chega com o amanhecer. ;)
A carapaça serve também para nos ajudar a enfretar o Mundo.
Eu ainda não consigo dizer ao Mundo, a sorrir, que o meu filho sofre de de uma PEA. Talvez ainda não esteja totalmente assumido.
Um beijo.
Eu acho que todos temos tantas carapaças, mesmo sem o autismo nas nossas vidas! Há muitas coisas que podem fazer-nos sofrer, embora só com a devida contextualização as pessoas consigam ter noção, às vezes, de quão ridículas são nalguns sofrimentos... O teu nunca o será, porque é a maior dor de uma mãe, a seguir a perder um filho; no entanto, se pensares que todas as mães têm aspirações para os seus filhos e, provavelmente, em 99% das vezes vão vê-las goradas, talvez consigas deixar de ter pena de ti própria (no bom sentido) e erguer a cabeça, sem medo. Sim, ouve-me... ter pena de nós próprios é algo de inevitável quando sentimos que tudo falha, que nem ao menos o básico nos foi concedido, mas ultrapassar essa pena (falo por experiência própria) será a saída para lidar melhor com tudo. Não é negares-te compaixão, compreensão, simpatia. É, simplesmente, deixares de te massacrar por não "teres" aquilo que imaginavas que "terias". É assim, pronto. Serenamente. Bjs mt grandes!
Mrs. Norris, para mim é muito libertador conseguir dize-lo com um sorriso, as outra pessoas é que podem ficar sem jeito por não saber o que dizer.
Kya, não precisas de te explicar mais :D compreendi-te perfeitamente, por vezes fico irritada comigo por me estar a sentir miserável mas isso acontece normalmente quando estou sozinha e o céu fica azul mal a vejo a correr para mim, no pátio da escola.
bjs
É assim mesmo como o defines. Umas vezes desdramatizamos; outras sofremos. Eu, geralmente, sofro por pensar que ele pode sofrer. Essa é a minha maiior dor. Mas depois, como diz a Noris e como dizes tu tão bem, acabamos por concentrar-nos em ajudá-los. Isso não significa que não choremos muitas vezes. Um beijo. Isa
Olá!!!
Passei meses assim, na indefinição do diagnóstico do meu Raul, uns dias chorava outros sorria. Emocionava-me muito facilmente ao falar nele. Hoje e ainda sem diagnóstico concreto estou tranquila. O meu menino está a evoluir bem.
Beijinhos
Maguy+Gu+Raul+Ervilha
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