30/05/08

Diálogos

O meu Johny foi operado a uma hérnia e passou uma noite no hospital.

O diálogo com o Tiago foi um pouco repetitivo:

- (O) Papá?
- O papá está dói-dói

(repete 10 vezes)

- (O) Papá?
- O papá não está! - tento eu arrematar a conversa

- Nã tá... (diz ele abrindo os braços)

passados 2 segundos:

- (O) Papá?

Ohhh não, outra vez!

LOL

28/05/08

O Birras

E está decidido.

Numa acção destinada a pais de crianças autistas falou-se muito de como contrariar determinados comportamentos inadequados.

Ao falarem das birras, na nossa mente não foi a Cathy que apareceu mas sim o Tiaguinho LOL

A Cathy também tem os seus momentos, mas derivam sobretudo da sua incapacidade de compreender a situação, ou transmitir o que quer.

O Tiago é o nosso Birras. E não adiantam paninhos quentes, colinho, cantar (o segredo para resolver os problemas da mana) ou fazer o pino. Ontem experimentei e o resultado parece-me consistente. É deixá-lo mandar-se para o chão, a chorar e a espernear. Eu fico por perto porque não aguento o drama "Ma-mãããã..." vezes sem fim. Mas não lhe dou a atenção que quer e se resistir o tempo suficiente, de repente ele levanta-se, muda de assunto e está novamente bem disposto.

Preciso de ti

Estava na cozinha a preparar o jantar, e aparece o Tiaguinho com um brinquedo. Senta-se no chão ao pé de mim e lá fica. Nem pede para brincar com ele como costuma fazer, a bater no chão e a dizer "aqui, aqui" indicando para me sentar ao lado dele. No momento a minha presença bastava-lhe para estar tranquilo.

Fiquei feliz por ver que a minha presença lhe dá segurança e logo a seguir não pude evitar alguma nostalgia. A Cathy nunca fez tal coisa. Mesmo sabendo que ela gosta de nós, gosta de ter miminhos, sente ciúmes e reinvidica (à sua maneira) a atenção a que tem direito, nunca me mostrou de uma forma tão simples e clara como o Tiago fez que precisa de mim.

Parece que o estou a ver, a entrar na cozinha, com o microondas que tanto fascinou a mana quando era ainda mais nova que o Tiago é agora.

Como é que um menino com tanta genica, capaz das birras mais feias me dá uma tranquilidade tão grande, só de olhar para ele?

23/05/08

Farta

O que agora vou escrever pode ser absurdo mas é o que eu tenho sentido. Por isso, vou dize-lo aqui, já que é onde posso gritar.

Quem me dera não ter de trabalhar para sustentar a minha família.

Queria ter tempo, muito tempo para ter a minha casinha organizada.

Para ter o jantar feito às 20 h e assim podermos sempre jantar os 4 em família, em vez de ter de jantar depois de os por na cama.

Para conseguir 40 minutos diários, para além de toda a brincadeira, para estar só com a Cathy a fazer PECS e outros trabalhos que a ajudam a estabelecer a comunicação.

Para ter algum tempo só para mim, para me sentir calma e segura e não perder o Norte tão facilmente.


É pedir muito que me saia o Euromilhões?

21/05/08

Aérea

Andas aérea e eu gostava de saber porquê.

Sei que tens fases e que são só isso mesmo, fases que passam, como passou a fase em que não passavas sozinha de uma divisão para outra se o chão fosse diferente. A fase em que mal chegavas a casa tinhas de ir ouvir o DVD das Músicas da Carochinha também passou e tantas outras…

Agora voltaste a querer por ordem em tudo. A olhar os objectos por ângulos estramhos, a alinhar os brinquedos, a fazer desenhos fantásticos com eles no chão, mas nada disso é funcional e só serve para te alheares de nós. E como é que explicamos ao mano que ficas fula da vida quando ele te rouba um brinquedo tão bem colocado na posição em que o deixaste?

No entanto, andas feliz. Não pareces estar angustiada e não consigo ver nada, em casa ou na escola, que justifique a ansiedade/nervosismo/agitação que tens demonstrado nas últimas semanas.

Eu fico triste por saber que precisavas que eu passasse mais tempo contigo, sem o “ruído” do mano que tanto nos absorve.

13/05/08

Músicas de roda

Ontem quando fui buscar a Cathy à escola ela estava no pátio.

Enquanto descia as escadas vi uma auxiliar a chamá-la para entrar na roda que iam fazer. Foi toda satisfeita e deu as mãos aos amiguinhos. Não mimou a música mas olhava divertida, com aqueles olhos cheios de brilho que me dizem que a minha menina é muito feliz.

Fiquei assim num dos patamares da escada, meio escondida a ver a Cathy na roda. Quando desci mais um pouco, ela viu-me e numa explosão de alegria veio ter comigo a correr.

11/05/08

Bom dia

Embora saiba que é péssima política deixar os filhos dormir na nossa cama, por vezes é bem recompensado.

Acordei com o Tiago a mexer-se e continuei imóvel, com os olhos fechados. Ele revirou-se umas quantas vezes, trepou para cima de mim, disse "Bom dia!" e deu-me um beijinho.

Tive vontade de o afogar em beijos :D

08/05/08

Procura-se cabeça nova

(No carro)

Estava mesmo a abrir a boca para dizer "A mamã está cheia de fome" mas fechei-a antes de sair a 1ª palavra.

É que estava sozinha no carro, tinha acabado de deixar a Cathy na escola...

Já faltou mais...

Para o caderninho do Tiago vir escrito a vermelho.

Ontem ficou possesso porque me viu sair de manhã para levar a mana à escola. Entrou numa birra que o Pai já nem o estava a ver bem.

À hora do almoço fez uma bela figura a atirar o prato ao chão e a querer bater em tudo o que mexesse. Ficou de castigo, claro está. E atirou-se para o chão naquela atitude dramática a gritar "NÃO" e a abanar as mãos que até dá vontade de rir, não fosse a gravidade da situação porque são birras muito feias de quem precisa urgentemente de aprender os limites.

De noite esteve calminho mas hoje de manhã, já atrasada e com um cócó para mudar tirou-me mais uma vez do sério porque parecia que lhe estava a partir uma perna.

Que raça de miúdo...

Enfim, nas vacinas portou-se à altura, só chorou o tempo da pica e mais um minutinho. Depois, claro, ficou carente e fartou-se de chorar quando o deixei na escolinha. Aí já me custou imenso porque é uma birra diferente de quem queria a protecção e o calor da mamã e se eu queria continuar ao pé dele :(.

06/05/08

Na capoeira

A Cathy já andava curiosa. No Domingo foi a oportunidade. O vizinho dos meus pais convidou-a a saltar o muro e ir ver a capoeira.

Ela foi um pouco a medo, ao colo dele, e logo mostrou vontade de voltar para mim, com medo que eu fugisse. Mas ficou ainda com mais vontade de voltar lá e o vizinho pegou novamente nela.

Desta vez foi para o chão e mal a porta se abriu avançou sem medos. A capoeira estava mesmo no limite da minha visão, só ouvia as galinhas a cacarejar, patos a grasnar, asas a bater, a Cathy aos gritinhos e o vizinho atrapalhado "não te sentes no chão, está sujo!". A Cathy corria de um lado para o outro feliz da vida, coitadas das galinhas LOL

Ela adorou, não teve medo nenhum. O João não estava lá na altura (ou nem a tinha deixado ir para a capoeira) e ficou apreensivo "as galinhas podiam bicá-la". Pensa o mesmo quando ela brinca com as cadelas dos meus pais, tem medo que a aleijem. Eu sei que na excitação elas podem arranhá-la, mas considero que a felicidade e a vontade da Cathy se relacionar com os animais muito mais vantajosa, por isso o risco vale a pena.

Dizer que ainda há bem pouco tempo, ela não lhes ligava nenhuma...

02/05/08

Aérea

A Cathy anda um bocado aérea... mais do que eu gostaria.

Embora esteja calma, está mais fechada. Encontrou a porcaria de uns legos e não faz outra coisa senão ordená-los assim e assado, detesto isso porque nestas alturas não liga a ninguém.

Não tenho explicação, aparentemente nada de diferente se passa em casa ou na escola.

No entanto, vai tentando dizer mais palavras, e tem alturas em que pega de forma bastante perceptível nos versos das canções que propositadamente deixo a meio.

Ah!!! E conta até dez :D

Quem me dera ter mais tempo para estar a sós com ela.

Perdido de amores

- Tiago, que cor é esta? (aponto para um sapo)
- Nô-nô!!!

LOL. Fui confirmar e é mesmo, a cor da Nô-nô na escola é verde.

De vez em quando do nada pergunta-me por ela. Já me tinham dito que eles têm um fraquinho um pelo outro, embora estejam sempre à batada. É giro de ver.

E vamos dizer sem modéstia que têm ambos muito bom gosto porque são os dois lindos de morrer.