28/01/09

E não cai

No carro, de regresso a casa estava a dar uma música dos Despe&Siga, o Jogo do sempre em pé. A Cathy achou-lhe um piadão e toca de cantar o refrão “E não cai, e não cai”.

Quando lhe estava a vestir o pijama para ir para a cama começou a dizer ai, ai, ai. Estava-se a lembrar da música. Voltei a cantar o refrão e lá foi ela a caminho da cama “E não cai, e não cai”…

Escorrega

Na piscina esteve bem. Às vezes perde a confiança e agarra-se ao meu pescoço com todas as forças. Nessas alturas, quando me consigo desprender e a agarro apenas pelos braços, ela bate as pernas com tanta força para alcançar o meu pescoço que quase aposto que nadava se eu a soltasse.

Embora a Cathy seja doida pelo escorrega, sempre teve pânico do escorrega da piscina. Ontem, viu uma professora a levar o escorrega para a turma dela e ficou a ver os meninos divertidos. Quando se ia arrumar o escorrega, estava tão excitada que a Sofia pediu para o deixar connosco.

Mas embora visivelmente atraída pelo escorrega, a Cathy não queria aproximar-se dele e debatia-se e gritava com as tentativas, mas fazia isso com aquele risinho nervoso que bem conheço. Faz sempre isso quando quer tentar algo mais audaz mas tem receio.

Há pouco tempo o pai incentivou-a a descer de cabeça no escorrega. As primeiras vezes tinha medo, mas ficava lá em cima à espera que a ajudássemos a por em posição e lá dava os seus gritinhos nervosos até escorregar e logo voltava a subir para mais. Agora já vai sozinha sem medos.

Expliquei isto à Sofia e elas ficaram a ver o amiguinho a descer várias vezes. “Vá Catarina, agora nós” disse ela com firmeza. Debateu-se um pouco mas logo logo já estava sentada à beira do escorrega e desceu com o apoio da Sofia. Lindo serviço, já não quis sair dali :D

Atenção que ainda não é propriamente andar no escorrega, até porque a Cathy não mergulha e não ia gostar nada de entrar de rompante na água, mas já é uma grande conquista.

A mãe é de quem?

Ontem fui buscar a Cathy à escola. Estava na casinha, a alinhar as colheres e não me ligou nenhuma. Tinha tido há pouco tempo uma birrita com um jogo sabe-se lá porquê e ainda estava a ressacar a frustração.

Tal como na segunda-feira, foi um caso sério para a convencer a arrumar as coisas e sair. Anda super-teimosa esta rapariga.

Lá fomos para a piscina. No balneário encontramos um amiguinho, também autista, que pela primeira vez sentiu uma felicidade imensa ao ver-me e agarrou-se a mim que nem uma lapa (nunca antes me tinha passado cartucho).

Fiquei babada, claro, e deixei-o estar ao meu colo já que isso o fazia feliz. Aí, a minha princesa que nem me tinha dado um sorriso quando a fui buscar à escola, lembrou-se que eu é que era a mãe dela e não descansou enquanto eu não larguei o Gabriel.

21/01/09

Tiaguices

Ontem fiquei lixada da vida.

É um motivo recorrente, eu sei.

Estive pouco tempo com o Tiago porque foi dia de ir com a Cathy à APPDA e depois à piscina. Ele sente e retalia. Em pouco mais de meia hora pos-me a cabeça em água.

Não posso ceder e não cedi aos gritos, lamúrias, choro desesperado, roçar em mim (quando já estava mais calminho à espera que o abraçasse). Não o abracei e nada de falinhas mansas, muito menos colo. Levo-o sempre ao colo para a cama, ontem foi pelo pezinho dele e o que me custou mais ainda, não lhe dei o beijo de boas noites.

Não jantei, não me apeteceu e fui para a cama com o coração pequeno. Estou triste, mas acho que vou ter de mostar cara fechada durante algum tempo. Já há muito que ele andava mansinho mas ultimamente anda novamente assim tipo "tudo à minha maneira".

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Coincidência ou não?

Ele não quis fazer xi-xi antes de ir para a cama. 5 minutos depois chamou-me (já estava à espera). Levei-o à casa de banho (pelo pé, claro, para aprender) e quando o deitei disse "agora acabou, não há mais xi-xi de noite". Dormiu a noite toda e acordou com a fralda seca rss rsss

19/01/09

Mamã

Este Sábado fui jantar com amigos e os meus pais ficaram lá em casa.

Já na caminha, a Cathy vira-se para a minha mãe e diz com beicinho "Mamã".

Podem imaginar como me senti quando a minha mãe me disse isto!

Ontem cantou grande parte da música de Boas Noites comigo, estes momentos só nossos dão-me uma felicidade tremenda.

A Cathy anda mesmo a comunicar mais connosco. Não só verbalmente mas também a nível do contacto ocular: olha-nos e imita-nos. Espero que esta fase dure muito tempo.
Este Sábado a Cathy foi novamente a uma sessão de hipoterapia.

De véspera tive o cuidado de carregar a bateria da máquina fotográfica. No dia ainda tive de voltar atrás porque me ia esquecendo dela.

De máquina em punho, preparo-me para uma sessão fotgráfica quando vejo a informação "No card in the camera". Besta!!!

E que pena que foi... A Cathy estve muito bem em cima do cavalo. Cooperou com a professora, prestou atenção ao que ela lhe pedia e fazia-o. Foram imensas festinhas ao cavalo, cabecinha encostada nele para lhe fazer miminho, rodou em cima da "sela" para ficar de costas e novamente de frente, dava Hi-5's à professora e saiu de lá toda contente.

E eu também!

09/01/09

Pulos

A Cathy tem andado doentinha nestes últimos dias mas tem-nos surpreendido a falar muito mais que o normal.

Ela já teve fases em que dizia mais facilmente o que queria. Sei que ela sabe dizer muita coisa mas ultimamente parece que se recusa a falar, temos que arrancar uma ou duas palavritas a saca-rolhas.

Não sei se é por estar em casa com o pai mas esta semana soltou-se mais, notámos mesmo um maior contacto visual.

Antes de a por na cama estava a conversar com o meu pai enquanto ela cantava alegremente a música do coelhinho, e conseguíamos perceber muito bem as palavras que dizia.

Foi nos primeiros meses do ano passado que ela deu um grande pulo no desenvolvimento, quem sabe não dará agora outro?

Voltei a insistir com os PEC's sobretudo para ir à casa de banho. Tenho a certeza que se conseguirmos sistematizar as idas à casa de banho associando-as ao respectivo símbolo ela própria o irá tirar quando sentir necessidade. É uma questão de tempo e acreditar.

08/01/09

EU!

- Quem é bonito?
- EU!

Ultimamente e cada vez mais, o "Eu" tem substituído o "Tiago".

Não percebo muito de psicologia, mas entendo isto como uma marca no desenvolvimento, uma tomada de consciência de si próprio como um indivíduo.

Há de certeza textos melhores que este, mas foi o melhor que encontrei numa busca pela net:


"(O egotismo) representa o momento (aos 2-3 anos de idade) em que a criança se distingue EU, deixa de referir-se a si mesma pelo nome próprio, vê-se definitivamente como UM, uma unidade, uma pessoa separada do outro. O EGOTISMO é etapa indispensável na fundação do EU, para a aquisição do auto-suporte, da autoconfiança, do sentimento de valorização e amor próprio. No entanto, permanecer no EGOTISMO como padrão de funcionamento, impede a troca satisfatória com o outro, uma vez que o individuo quer ser o centro das atenções, ter unicamente as suas necessidades satisfeitas sem a preocupação em atender o outro."
Fonte: A CRIANÇA EM DESENVOLVIMENTO NO MUNDO: UM OLHAR GESTÁLTICO, Sheila Antony


Portanto está na etapa certa na idade certa ;) Vamos esperar, tal como citado no texto, que não dure para sempre porque o nosso Tiaguinho gosta mesmo de ser o centro das atenções rss rsss

07/01/09

Bola de cristal

Fui buscar a Cathy à escola. Estava sentada a brincar com um jogo, fiz-lhe uma grande festa mas ela estava com uma cara um pouco estranha.

Olhei para a auxiliar que me confirma “ela está assim estranha há algum tempo”. Olho novamente para a Cathy e encolho os ombros “Ela está com cara de xi-xi…”. Levei-a à casa de banho e quando voltei a auxiliar pergunta se fez. Normalmente não sou assim mas fui um pouco vaga/ríspida e respondi que sim, claro. Estava cheia de pressa para a conversa do “já a conhece há 4 anos, deveria saber” mas foi o que me apeteceu dizer.

Fiquei um pouco triste, confesso. Mas nem de propósito, a mãe de um menino autista mais novo 1 mês que a Cathy desabafa o medo de não conseguir tirar-lhe as fraldas e como é que eu tinha feito. Quando lhe disse que a Cathy não pede para ir à casa de banho ela olhou-me perfeitamente incrédula “Mas como é que vocês sabem?”.

Pois… fiquei sem saber como lhe responder… sexto sentido, hábito, horas a mais sem fazer… e vi que talvez não seja tão incompreensível que a auxiliar não tenha percebido que a Cathy estava aflitinha para fazer xi-xi.