21/07/08

Não gostei

Vi a reportagem da TVI e sinceramente não gostei.

Já tentei fazer uma análise para tentar perceber ao certo porque assim foi.

Talvez por ter tido um início tão duro, a mostrar o pior que há no autismo. O meu pai estava presente e eu estava a ve-lo visivelmente incomodado. Ambos sabiamos que aquilo não retratava de forma alguma o futuro da Cathy mas estava a doer.

Não sei se foi por isso, mas acho que não. Que o autismo pode assumir uma forma tão dolorosa eu já sabia.

Acho que foi mais por ficar com a impressão que, quem não conhece o autismo, continuou sem saber bem o que era, mas ficou agora com a imagem de alguém acorrentado o dia todo para não se magoar a ele ou ao próximo.

Também focaram alguns aspectos positivos, mas passaram quase despercebidos.

Não me parece que tenha trazido nenhuma mais-valia, mas talvez o facto de ter o tema na televisão já seja o suficiente para que as pessoas estejam mais despertas para ele.
Quem sabe se a voltar a ver a minha opinião não muda.

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Já agora "1 professor para cada 2 meninos autistas"... Parece algo espectacular, de louvar mesmo mas... no meio de uma turma com quantos meninos? Ou até turmas com diferentes anos misturados. A inclusão ainda está a milhas mas o responsável da DGDIC parece muito optimista.

8 comentários:

AnaBond disse...

a reportagem que te falei?
acabei por não a conseguir ver...

ou era outra? não tenho ideia de terem falado assim tanto de autistas mesmo.

(abraço apertado)

Estrunfina disse...

Não Ana, foi outra que deu ontem na TVI depois do telejornal.

Também mencionaram a tal escola que vai abrir.

O assunto está na ordem do dia, no próximo Sábado vai haver outra, quando souber detalhes publico aqui.

Bjs

Filipa disse...

Pois é. Eu também vi por acaso. E fiquei com a mesma impressão. O meu coração ficou apertado...

O que vale é que temos acesso a muita informação e temos a capacidade de filtrar o que nos é oferecido pela TV sensacionalista!

Mas no entanto, há sempre qualquer coisa que nos fica a bater cá dentro.

Enfim...

Beijocas,
Filipa

Anónimo disse...

Eu não vi a reportagem toda, mas achei de facto dura. Embora eu tenha dito ao meu marido que o nosso filho não é assim, e não é, ainda que tenha dito que aquilo já não me afectava, a verdade é que quando fui para o duche, antes de me deitar, não consegui deixar de pensar no que vi, e lá veio uma água salgada a escorrer pela cara, com a água do duche...
Mas, a verdade, é que o autismo profundo, o menos funcional, existe. Ainda bem que não é o caso dos nossos, mas existem situações assim. Agora, tb vimos que os casos mais graves eram de adultos, aqueles que demoraram, no tempo deles, a ser diagnosticados e a receber intervenção adequada. As crianças mais novas, apesar de situações igualmente dificeis, já revelavam outro tipo de competências.
Enfim...Vou tentar ver a reportagem toda.
Beijinhos
Maria Anjos

Estrunfina disse...

Maria Anjos,

Foi precisamente esse aspecto que me aborreceu.

Não houve uma explicação para os tais casos mais graves serem de adultos. Não houve uma mensagem de esperança pelo intervenção precoce que agora é possível.

Acho simplesmente que a reportagem não foi didáctica mas é capaz de ter servido o seu objectivo. O de alertar.

Mina disse...

Achei a reportagem,de facto um confronto com uma realidade, chocante , que até a mim me passava ao lado, secalhar então há mesmo muitos mais autistas do que eu imaginava, e eu que vou buscar o meu filho com SA todos os dias ao CAO, deparo-me com muitos adultos com comportamentos tão bizarros, que há dias que venho de lá "top down", só de ver o meu filho naquele meio.Mas por outro lado aqueles adultos tbm precisam muito de afecto coisa que me parece passou ao lado na reportagem.No local que estou a falar não está lá mais nenhum diagnosticado com SA, e nenhum com autismo,mas com problemas mentais e sindrome de down e outros que não renconheço.Mas há lá um adulto terá + de 40anos pela aparência que oferece flores silvestres a toda agente que encontra,e apesar de ver ali tanta coisa que me arrepia, achei esta reportagem ainda mais dura, e com pouca esperança no futuro...
Bjocas

Anónimo disse...

"A amizade é um comércio desinteressado entre semelhantes."

Obrigada pela força.

Kiss
Mamã Sofia

nota: também comentei o programa da TVI... com argumentos diferentes, também não gostei da reportagem... soube a pouco... e longe da realidade...

Anónimo disse...

Cara Estrumpfina,
Vim ler os comentários aqui no seu blog que descobri no Águas-furtadas e, ao contrário da maioria, gostei da reportagem embora algumas imagens fossem chocantes.Mas são imagens da realidade de alguém, não se esqueçam disso, alguém como nós, pais, mães, amigos que têm vivido com aquelas situações tão graves, tão mais graves que as nossas. Achei que foi transmitida de forma correcta a dimensão do espectro do autismo, desde o caso mais grave até ao aspie mais ligeiro.
Correndo o risco de parecer dramática, eu gosto de ser sempre confrontada com o pior dos cenários por forma a estar preparada para o que der e vier.Por isso, achei muito bem todo o enquadramento das situações e a honestidade e a humildade do Dr.Miguel Palha quando disse "não sabemos,ninguém sabe,nem temos forma de saber" quando respondeu à questão "eles sentem como nós?".
E, creio que quase como todos os pais de autistas ou aspies,fiquei com a esperança que o meu filho venha a ser como o Pedro, o carteiro e consiga ser minimamente autónomo.
Um beijo!
mariamartin