12/09/08

Pessimista ou realista?

Ontem confessaram-me que ao ler o meu blog ficou a sensação de eu ser muito pessimista e que estou sempre a pensar no problema da Cathy.

Na verdade, eu até acho que sim, já fui pessimista. Por ironia, isso foi na altura em que eu até nem tinha problemas de maior.

O que acontece é que sou mãe, de dois meninos que são a minha vida, sendo que a Cathy é autista.

O autismo não é o fim do mundo, mas é algo que tem de ser assumido por completo para depois batalharmos todos os campos que impedem a Cathy de se socializar, comprometendo assim o seu futuro.

Não posso de forma alguma ficar sentada à espera que tudo se arranje. O ano lectivo começou e já tenho testemunhos de muitos pais, cujas crianças já estão em idade escolar e lhes foi pedido para ficarem em casa mais alguns dias porque ainda não tinham pessoal para ficar com os meninos. Ora aqui está a escola inclusiva que temos.

Por minha parte vou escrever uma cartinha a lamentar terem tirado uma auxiliar volante que dava muito apoio à Cathy e a quem ela se afeiçoou muito. A turma da Cathy a cada ano que passa fica maior, agora já são uns 24 meninos para uma educadora e uma auxiliar entre as 9 e as 17 h. Antes e depois deste período, ficam apenas duas auxiliares com DUAS turmas. Como é que elas podem dar um apoio mais específico à Cathy, sendo o melhor exemplo uma ida à casa de banho, ou antes ainda, conseguirem ter a percepção que a Cathy quer lá ir, já que ela não pede.

Quem está de fora, sabe "apenas" que a Cathy é autista e para mim chega, não quero de modo algum que tenham pena ou lamentem a situação. O que escrevo agora é apenas para justificar que a minha cabeça não pára porque não pode parar e nem eu quero.

Sou feliz, e gosto de rever textos mais antigos, mesmo que amargos porque são o espelho do caminho que tenho trilhado e com os seus altos e baixos, está claro para mim que a evolução é positiva.

O "Porquê eu?" já há muito que não me aperta o coração estejam descansados ;)

8 comentários:

Filipa disse...

Não acho que sejas pessimista.

Acho importante conseguires falar do problema da Cathy e assumir as tuas fragilidades como qualquer mãe!

Acho que estás no caminho certo.
E penso inclusivé que só assim consegues ajudar-te e ajudar a Cathy!

Ela não precisa que tentem "disfarçar" o problema mas antes que enfrentem e a judem a enfrentá-lo mais tarde sozinha!

Beijos,
Filipa

Anónimo disse...

Bom dia...não pude deixar de ficar indignada. Sou terapeuta da fala e trabalho com crianças com várias patologias. Neste momento encontro-me parada á espera que o ministério da educação nos dê ordem para começar a trabalhar com os meus meninos! é lamentável pensar que já é dia 13 e supostamente eu devia estar a trabalhar desde o dia 1. É assim o país que temos, e quem sofre são as crianças.
A minha mãe que era auxiliar pedagógica de crianças com multideficiência foi despedida este ano em Setembro. Razão: Dizem eles que não há dinheiro! Facto: crianças em casa sem ninguém para tomar conta delas.
Boa sorte

Alex disse...

Leio o blog desde a altura em que o autismo do meu Tiago era apenas uma suspeita familiar e nunca achei que fosse uma pessoa pessimista mas sim uma mãe atenta e preocupada.
As nossas férias foram boas mas falhei o objectivo de tirar a fralda ao Tiago. Esta semana anda mais agitado porque foi operado a um testículo que não desceu e além de não ir ao infantário, não pode correr, andar de triciclo nem ir ao parque infantil. Quase todos os dias diz uma palavra nova com significado mas não as repete...

Beijinhos e força!

Estrunfina disse...

Alexandra,

As melhoras do Tiago, espero que recupere depressa.

Que bom que ele vai dizendo palavritas, mesmo que seja em ecolália.

Obrigada pela força e retribuo ;)

beijinhos

Anónimo disse...

Tu pessimista? Não sei qual terá sido o contexto de tal afirmação, mas a mim consegues transmitir sempre bastante optimismo e força.

Para além de uma mãe atenta, és uma amiga do coração ;-)

Beijo

Rute

Anónimo disse...

Tb não te acho pessimista. És uma mãe à maneira. A Cathy está muito bem entregue. Como é lógico, como qq ser humanos, tens os teus momentos de desânimo. E qdo as coisas tocam aos nossos filhos, é fácil deixarmo-nos ir abaixo, mas tb é quando nos levantamos mais depressa. Beijos. Isa

Anónimo disse...

Olá,
não confundo o pessimismo com o realismo. Ser realista é ser responsável. É amar.
Quando fazemos um blogue sobre o autismo não temos que necessariamente estar a falar na 1ª pessoa. São exemplos que servem a muitos pais. Pelo menos eu assim faço. Essa do "Porque a mim"? já não tem sentido quando atingimos algum tempo de maturidade e aceitação do ser maravilhosos que é um autista. Sempre escrevi que só podemos evoluir e trabalhar os nossos filhos quando os aceitamos e deixamos de pensar: amanhã ele vai ficar "normal"!!
Seremos nós normais para eles?

Gostei de ler este texto

Saudações e um sorriso "ALEGRE"!

Ray Gonçalves Mélo disse...

Oi minha querida, se voce é pessimista , eu também sou e olha das GRANDES.
Vivo preocupada com tudo que se passa com Filipe. Tem dia que acho que não estão lhe cuidando bem na escola e vou lá de surpresa e peço para ir na sala ve-lo. A diretora reclama e diz muitas coisas , que vou atrapalhar e coisa e tal...
Eu repito, quero ve-lo, qual lei que irá me impedir? sou sua mãe.....
E aí subo e está tudo bem, Graças A Deus!!!
Nem ligo se me acham chata, pegajosa ou maluca.
Meu Filipe apesar de grandão é indefeso tal todos os autistas e como nao verbaliza tudo, nunca vai me contar se o trataram mal. Isso me dói nuito. Mas já desencalhei muita coisa na minha cabeça, senão piro...rs
Tenho mais dois filhos que compreendem minha preocupação ou pessismismo com Filipe, porque eles também são preocupados com ele.
Eu também pego muito no pé deles e sabem que são muito bem amados.
Estrumpfina, não ligue e não se amofine , pois sou como tu e quem quiser falar, pode falar, nem ligo....
Beijos para voce e A Cathy.
Ray