A Cathy gosta de desenhar/pintar.

Por vezes quando a vejo meio perdida, pergunto se ela quer ir fazer um desenho e prontamente dirige-se para a mesinha dela.

Dou-lhe as canetas, deixo-a escolher uma e ponho o estojo tacticamente afastado para não haver tentação de fazer filinha com as canetas.

Com o papel à frente ela começa a pintar.

Se não lhe digo nada, faz riscos pela folha toda e pinta grandes manchas sem nexo.

Quando lhe sugiro para pintar algo em concreto, começa a dar gritinhos e a esbracejar efusivamente e normalmente desisto.

No Sábado não desisti. Deixei-a rabiscar completamente uma página e depois dei-lhe outra limpa. Pedi-lhe para fazer uma casa. Grande resistência, gritinhos, o fim do Mundo.

Insisti. Parecia um disco riscado. Faz uma casa, faz. Uma casa. Vá lá, começa por fazer um quadrado. Desenha o quadrado.

E ela começou a desenhar.

Até aqui, tudo normal, ela desenha as casas muito bem há muito tempo. Mas lembrei-me de pedir para fazer uma árvore e para minha surpresa ela fez. Confesso que comecei por achar que aquilo não era uma árvore mas no fim fez o tronco e compreendi que sim.

Fiquei tão feliz que me lembrei que podia muito bem ser uma macieira. Pedi-lhe para desenhar as maçãs, pensando que eu as iria desenhar e assim ensinar-lhe que as árvores dão fruto mas... quem as desenhou foi ela. Eu não exemplifiquei, ela sabia que as maçãs teriam de estar penduradas na árvore!!!

Não estava em mim de contente e ainda me fui lembrar de lhe pedir para desenhar uma borboleta. A Cathy nunca desenhou uma borboleta... até aquele dia! Vejam só que linda borboleta, que linda obra de arte!!!

Quando lhe pedi para escrever o nome, começou novamente aos gritinhos e mostrou a intenção de riscar tudo o que tinha feito (aqueles riscos em cima da casa e da árvore foram feitos nessa altura). Eu estava tão extasiada com este desenho que o meu impulso foi mesmo arrancar-lhe o caderno das mãos para não ver a obra de arte riscada. Ela não gostou, fez aquele beicinho que adoro e começou a chorar. Desculpa filha mas não te podia deixar estragar isto.

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No dia seguinte fomos fazer outro desenho. Desta vez não resistiu tanto à idéia de fzer um desenho concreto. Não teve qualquer ajuda minha (nem mesmo no nome), tirando as dicas do que fazer (ex: desenha a boca, faz um menino feliz!)

Podemos tirar duas conclusões:

1ª A Cathy sabe fazer muito mais coisas do que imaginamos

2ª Não nos podemos impressionar com as fitas dela (ex: gritinhos, esbracejar, pontapés). Se insistirmos ela acaba por corresponder e surpreender.